2010

quarta-feira, 28 de outubro de 2009



"Eu gosto de viver.
Já me senti ferozmente, desesperadamente,
agudamente infeliz, dilacerada pelo sofrimento,
mas através de tudo ainda sei, com absoluta certeza,
que estar viva é sensacional.”


“Não me chames estrangeiro

Não me chames estrangeiro, só porque nasci muito longe
Ou porque tem outro nome essa terra donde venho.
Não me chames estrangeiro porque foi diferente o seio
Ou porque ouvi na infância outros contos noutras línguas.
Não me chames estrangeiro se no amor de uma mãe
Tivemos a mesma luz nesse canto e nesse beijo com que
Nos sonham iguais nossas mães contra o seu peito.
Não me chames estrangeiro, nem perguntes donde venho;
É melhor saber onde vamos e onde nos leva o tempo.
Não me chames estrangeiro, porque o teu pão e o teu fogo
Me acalmam a fome e o frio e me convida o teu tecto.
Não me chames estrangeiro; teu trigo é como o meu trigo,
Tua mão é como a minha, o teu fogo como o meu fogo,
E a fome nunca avisa: vive a mudar de dono.
(…)
Não me chames estrangeiro; olha-me nos olhos
Muito pra lá do ódio, do egoísmo e do medo,
E verás que sou um homem… não posso ser estrangeiro”

Rafael Amor